“Coitado, é fraco e não aguentou…”;

“Não goza férias para receber o dinheiro, tanta ganância agora dá nisto…”;

“Eu avisei, mas é viciado no trabalho…”

São expressões como estas que por norma ouvimos quando alguém atinge o colapso. São estigmatizações, conversas de corredor e, por vezes, servem para ditar o fim de uma carreira ou para condenar um recurso a uma imagem menos positiva durante o resto do seu percurso profissional.

O mundo gira à volta de modas e a gestão de recursos humanos não é exceção, frequentemente lembramo-nos de uma palavra, de um tema e fazemos bandeira dele na nossa gestão. Hoje está na moda falar em burnout, e ainda bem que assim o é, temos que aproveitar as modas para desmistificar o que tão inconscientemente se vocaliza pelos corredores das empresas.

Quando consultamos o significado de burnout na Infopédia, encontramos como definição “esgotamento físico e mental causado por excesso de trabalho ou por stress decorrente da atividade profissional”. Seguimos a leitura e logo vemos que não é uma fraqueza genética, que todos podemos padecer desse mal, o não saber ou não poder parar, o dar tudo para lá das últimas consequências.

A sociedade laboral portuguesa ainda enferma de desvios recorrentes. Quando alguém entra numa empresa é habitual perguntar “aqui cumpre-se o horário ou quem o cumpre é rotulado como preguiçoso?”. Contudo, a grande preocupação no final de cada dia deveria ser “cumpri com os objetivos que me estavam determinados ou com os objetivos que determinei para mim dentro do horário contratado?”. Os medos sobre o que é ou não bem-visto deviam ser substituídos pela preocupação com a produção e ritmo de produção.

Um colaborador não deve ser valorizado por ficar para além do seu tempo normal de trabalho, mas antes pela sua eficácia. Também não pode ser penalizado por ter vida para além do seu dia a dia laboral. Deve ser avaliado, sim, pelos resultados alcançados, mediante as ferramentas que teve à sua disposição para atingir esses objetivos.

Uma vida laboral “higiénica” pode evitar o burnout. A gestão do capital humano de cada empresa deve preocupar-se em fomentar ações que evitem o ponto de não retorno dos seus colaboradores, balizando limites e assegurando-se que estes são cumpridos. Um bom ambiente de trabalho, a par do equilíbrio entre vida laboral e pessoal, é meio caminho andado para evitar o tão temido “burnout” (apagão).

Gestão de Recursos Humanos

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